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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Os McDonnell-Douglas MD-11 da KLM: os últimos MD-11 no serviço internacional de passageiros

Entre o final dos anos 80 e o início dos anos 90, a aviação passou pela revolução do "Glass Cockpit": as aeronaves que então entravam em serviço estavam equipadas com painéis de instrumentos  basicamente constituídos por telas de computador, ainda em CRT (Cathodic Ray Tubes), que substituíram os famosos "reloginhos", instrumentos analógicos que predominaram nos painéis até então.
O MD-11P PH-KCB decola de Amsterdam
O primeiro avião "Glass Cockpit" a entrar em serviço com esse painel foi o Airbus A320, em 1988, seguido de perto pelo Boeing 747-400. A McDonnell-Douglas não perdeu a sua vez, e desenvolveu o seu wide-body DC-10, alongando a fuselagem, instalando motores mais potentes, winglets nas asas e uma sofisticada suíte de aviônicos, equivalente ao equipamento instalado nos seu rival direto, o Boeing 747-400. Assim como no 747-400, os novos aviões, designados MD-11, podiam ser operados com uma tripulação de voo de apenas dois pilotos, eliminando a função do engenheiro de voo.
O PH-KCD. Durante 20 anos, os MD-11 da KLM operaram por todo o mundo
O fabricante pretendia reafirmar seu espaço no estrito mercado de aeronaves de fuselagem larga, oferecendo uma aeronave intermediária entre os bimotores Boeing 767 e Airbus A300/310, e os enormes Boeing 747. Vários operadores manifestaram interesse e fizeram opções de compra da nova aeronave. A holandesa KLM foi uma das empresas que fizeram opções, e acabou comprando um total de 10 MD-11P, versão exclusiva para passageiros.
Os MD-11 da KLM seriam equipados com 24 poltronas de Classe Executiva, 38 assentos Economy Confort, e 223 poltronas de Classe Econômica normal, numa disposição básica de 9 fileiras de poltronas em esquema 3-3-3. O espaço oferecido (e o conforto) em cada classe era equivalente ao oferecido em outras aeronaves de fuselagem larga da KLM na época, como os Boeing 747-400. As poltronas da classe executiva reclinavam até 170 graus, oferecendo praticamente uma cama para os felizes passageiros que podiam usufruir desse caro luxo.
Economy Class dos MD-11 da KLM
A KLM recebeu seu primeiro MD-11 somente em 7 de dezembro de 1993, que foi matriculado PH-KCA. Os MD-11 iriam, no decorrer dos anos seguinte, substituir a veterana frota de McDonnell-Douglas DC-10 da KLM, alguns dos quais já tinham completados 20 anos de serviço.
Seat Map do MD-11P da KLM
Todos os 10 aviões foram batizados com nome de celebridades femininas.

O PH-KCA foi seguido por mais nove aeronaves, todas configuradas para levar passageiros. O PH-KCB chegou em primeiro de março de 1994, e até o final de 1994 a KLM já estava operando seis MD-11 (PH-KCA, PH-KCB, PH-KCC, PH-KCD, PH-KDE e PH-KCF). Em agosto de 1995, o último DC-10 da KLM foi retirado de serviço e vendido.
Detalhes do nariz e do cockpit do PH-KCE
Em 1995, chegaram mais três aeronaves (PH-KCG, PH-KCH e PH-KCI). A última das 10 aeronaves da frota de MD-11 da KLM chegou somente em 25 de abril de 1997. A encomenda inicial da KLM não foi seguida por nenhuma outra, e a empresa sempre operou os aviões em configuração de passageiros, levando eventuais cargas somente no porão. 
MD-11 na curta final, em St. Maarten
Curiosamente, a matrícula PH-KCJ não foi usada. A KLM, tradicionalmente, e sem que se saiba exatamente porque, não costuma usar matrículas terminadas com a letra J.
A KLM arrendou um dos seus MD-11 para a VASP, em 1995, que operou com a matrícula PP-SPM
Com exceção do PH-KCI, todas as aeronaves MD-11 da KLM operaram exclusivamente na empresa. O
PH-KCI foi repassado à VASP apenas 35 dias após ser entregue à KLM, e operou na empresa brasileira como PP-SPM. Em 21 de agosto de 1998, o avião foi devolvido pela VASP à ILFC, proprietária da aeronave, e voltou a operar na frota da KLM com a matrícula original.
A carreira dos MD-11 na KLM foi bastante feliz, pois nunca houve nenhum acidente com essas aeronaves na frota da empresa, e apenas dois incidentes de menor importância foram relatados: um painel de para-brisas rachado, em 2013, perto de Montreal, Canadá, envolvendo o PH-KCK, e um alarme falso de incêndio do motor perto de Amsterdam, na Holanda, em 2012, envolvendo o PH-KCE. Sem dúvida, os MD-11 fizeram uma carreira impecável na empresa durante os mais de 20 anos de operação.
Os MD-11 da KLM era frequentes visitantes de St. Maarten, no Caribe
Durante duas décadas, os MD-11 da KLM podiam ser vistos diariamente em aeroportos ao redor de todo o mundo: Montreal, Atlanta, Teerã, Guarulhos, Narita, St. Maarten...

Enfim, os MD-11 começaram a ser retirados de serviço em julho de 2012, com a aposentadoria do PH-KCH. O PH-KCI saiu de cena em outubro do mesmo ano, assim como o PH-KCF. No mês seguinte, o PH-KCG foi retirado. Quase um ano se passou antes que dois outros MD-11, o PH-KCK e o PH-KCC fossem aposentados. Os quatro remanescentes foram aposentados em 2014, o PH-KCA em agosto e os três últimos, PH-KCB, PH-KCD e PH-KCE, em outubro. O destino de todas as células foi o sinistro e deprimente aeroporto de Victorville, no deserto de Mojave, Califórnia, conhecido por ser o destino final para muitos aviões comerciais.
A linha da morte dos MD-11P da KLM, em Victorville
Como a Boeing está deixando de oferecer peças de reposição para os MD-11 no mercado, provavelmente deixou de ser interessante converter esses aviões de passageiros em cargueiros, e a melhor opção foi desmontar e canibalizar todos para fornecer peças para os muitos cargueiros do tipo, que ainda operam pelo mundo afora. Somente as empresas americanas UPS e a FEDEX operam, cada uma, 38 aeronaves MD-11F, e estão ávidas por peças de reposição para prolongar a vida útil dos seus aviões.
O PH-KCE, ao chegar do Canadá, no último voo regular de passageiros realizado por um MD-11
O último voo comercial de um MD-11 da KLM, que também seria o último voo regular de passageiros desse tipo de aeronave, foi feito pelo PH-KCE, na rota Amsterdam - Toronto - Montreal - Amsterdam. Ao pousar no Aeroporto de Schiphol, no dia 26 de outubro de 2014, e desembarcar seus passageiros, sem dúvida alguma, uma era estava se encerrando. O mesmo avião faria três voos locais no dia 11 de novembro, levando alguns fãs da aeronave, e depois se foi, para nunca mais voltar. Infelizmente, nenhuma célula foi preservada, todos os aviões foram desmontados no árido deserto de Mojave, e os MD-11 da KLM somente serão lembrados através de fotos e das memórias das pessoas que tiveram o privilégio de voar neles, ou de simplesmente vê-los nos aeroportos ao redor do mundo.
Os MD-11 da KLM foram todos desmontados, nenhum deles sobreviveu
A McDonnell-Douglas, sucessora da Douglas, uma das mais tradicionais fabricantes de aeronaves comerciais do mundo, não sobreviveu ao MD-11, foi absorvida pela Boeing em 1997, que fabricou os últimos MD-11, sendo a última aeronave entregue ao operador em janeiro de 2001.

LISTA DOS MCDONNELL-DOUGLAS MD-11P DA KLM:

PH-KCA: c/n 48555/557, batizado como Amy Johnson, entregue à KLM em 7 de dezembro de 1993, retirado de serviço em agosto de 2014. Desmontado em Victorville, Califórnia e registro cancelado;

PH-KCB: c/n 48556/561, batizado como Maria Montessori, entregue à KLM em 3 de março de 1994, retirado de serviço em outubro de 2014. Desmontado em Victorville, Califórnia e registro cancelado;
PH-KCC: c/n 48557/569, batizado como Marie Curie, entregue à KLM em 24 de junho de 1994, retirado de serviço em outubro de 2013. Desmontado em Victorville, Califórnia, em maio de 2014 e registro cancelado;
PH-KCD: c/n 48558/573, batizado como Florence Nightingale, entregue à KLM em 16 de setembro de 1994, retirado de serviço em outubro de 2014. Desmontado em Victorville, Califórnia, em janeiro de 2015. Foi o último MD-11 da KLM a ser desmontado, registro provavelmente cancelado;

Desmonte do PH-KCD em Victorville, no final de janeiro de 2015. Foi o último...
PH-KCE: c/n 48559/575, batizado como Audrey Hepburn, registrado nos Estados Unidos como N91566 para a  McDonnell-Douglas, entregue à KLM em 18 de novembro de 1994, retirado de serviço em outubro de 2014. Desmontado em Victorville, Califórnia e registro cancelado;
PH-KCF: c/n 48560/578, batizado como Annie Romein, entregue à KLM em 17 de dezembro de 1994, retirado de serviço em outubro de 2012. Desmontado em Victorville, Califórnia e registro cancelado;
PH-KCG: c/n 48561/585, batizado como Maria Callas, entregue à KLM em 12 de maio de 1995, retirado de serviço em novembro de 2012. Desmontado em Victorville, Califórnia e registro cancelado;
PH-KCH: c/n 48562/591, batizado como Anna Pavlova, entregue à KLM em 31 de agosto de 1995, retirado de serviço em julho de 2012. Desmontado em Victorville, Califórnia, em janeiro de 2013, e registro cancelado;
Após 20 anos de bons serviços prestados, e nenhum acidente, o fim chegou
PH-KCI: c/n 48563/593, batizado como Mother Theresa, entregue à KLM em 10 de novembro de 1995, mas arrendado à VASP em 15 de dezembro, e registrado como PP-SPM. Retornou à frota da KLM em 21 de agosto de 1998, com a mesma matrícula anterior. Foi retirado de serviço em outubro de 2012. Desmontado em Victorville, Califórnia e registro cancelado;
MD-11 na linha da morte em Victorville, no deserto de Mojave, na Califórnia
PH-KCK: c/n 48564/612, batizado como Ingrid Bergman, entregue à KLM em 25 de abril de 1997, retirado de serviço em outubro de 2013. Desmontado em Victorville, Califórnia e registro cancelado;

12 comentários:

  1. Uma pena mesmo.Uma bela aeronave.Sou fã deles!Acho aquele terceiro motor montado abaixo do estabilizador vertical um charme!

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  2. Eu tive a felicidade de voar no MD-11 da Vasp que curiosamente fazia um vôo BSB - SSA. Uma máquina impressionante pelo desempenho na decolagem e pelo espaço. Deixou saudades!

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    1. cara ,falo o mesmo ,viajei só uma vez de avião e foi justamente no md11 da vasp em 1996 to procurando uma miniatura pra ficar de recordação .

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  3. Também senti o prazer de voar no MD11 da Vasp em viagem de Guarulhos à Osaka (Aeroporto Internacional de Kansay).

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  4. Galera, vocês esqueceram de uma curiosidade a mais sobre o md-11!Esta linda aeronave foi responsavel pelo translado do corpo de Senna saindo dos Charlles de Gualle e chegando em Garulhos dia 04/05/1994 voo 723 Varig, ta aqui os link https://www.youtube.com/watch?v=UTNu52FIkNs

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  5. Maravilha de aeronave. Foi retirada de produção porque o fabricante foi vendido à Boeing, que não queria concorrentes ao 777

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    1. Não exatamente, ou não só por isso, embora fosse verdade que ele atrapalhava o "line-up" da Boeing. A verdade é que ele simplesmente não era concorrência para o 777. O MD-11 chegou atrasado no fim da festa. Já era ultrapassado quando foi lançado, porque com o avanço do padrão ETOPS, não fazia mais sentido usar um trijato em rotas longas, gastando mais em combustível e manutenção que um bijato. O Airbus A340 acabou não fazendo tanto sucesso pelo mesmo motivo.

      Para piorar, o MD-11 não foi capaz de dar o desempenho prometido pelo fabricante e mostrou-se inviável para muitas empresas que o tinham encomendado (por exemplo, a Singapore Airlines, que cancelou seu pedido, porque viu que o MD-11 só poderia fazer as rotas ultralongas que ela pretendia se reduzisse a número de passageiros pagantes). A American Airlines não chegou a ficar três anos com os seus e cancelou os que ainda não tinham sido entregues. E sendo basicamente um DC-10 requentado, o MD-11 não podia competir com o 777 e o A330, projetados do zero e muito mais modernos.

      É sem dúvida um avião muito bonito, mas companhias aéreas não são fundações beneficentes, nem museus de arte. Elas têm que dar lucro e o MD-11 era péssimo nesse sentido.

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  6. Eu tive o Privilégio de voar em um MD-11 da Varig a melhor experiência da minha vida de Guarulhos a Los Angeles

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  7. Também voei num desse da VARIG, de Guarulhos para Zurique (ida e volta) em 1996. Foi demais...

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  8. Que Sdds,Minha Primeira Viagem de Avião foi Justamente em um MD11 da Vasp, vôo internacional para Alemanha com escala em Recife.Linda Aeronave

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  9. Se não me engano, os primeiros aviões a utilizarem telas de CRT foram o 757 e o 767, não ?

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